Número de pessoas que se perderam por aqui:

30 de mai. de 2014

Entre o destino e jornada

O amor é um jogo curioso, pois até certo tempo atrás para demais para mim, porém desde que te encontrei tudo mudou e os dias que passo junto a ti são como um prêmio.


"...Pois eu já havia vivido tantos romances e tantos flertes por essa vida...Sonhos são montados diariamente em minha cabeça acerca do que seria o amor ideal, do relacionamento ideal, daquilo que se busca enfim na vida. Mas nem todos os sonhos são para se tornar realidade, assim como nem toda realidade nos será moldada de acordo como planejamos. E ainda assim pode ser maravilhosa."

Não que o que se quer não será jamais alcançado...mas pode ser que o caminho trilhado não aconteça como pensamos. Poderá haver armadilhas, surpresas, desvios de rota, mudança mental, outras necessidades temporais ou permanentes...e algo permanece

Comercial de margarina? Não, obrigado...prefiro manteiga.

O amor pode acontecer em uma adversidade, em uma amizade, pode ser construído em dois segundos ou ser fundamentado em dois meses e ser revitalizado ao longo dos anos. É transformado, é renovado, ou ainda pode ser queimado, destruído, deposto ou reposto.

...Nem toda forma de se mostrar ou de se amar é daquela como queremos, fazemos ou ideamos. Pois cada um de nós sofre, sonha, sente, pensa de forma diferente. Pois o amor está nos detalhes, está naquela conversa sobre qualquer coisa, naquele bom dia, boa tarde, naquelas picuinhas de casal, nos momentos de confidências mútuas ou individuais...

"...É preciso ter cuidado com as diferenças, mas o excesso de semelhanças pode despertar o diabo dentro de nós...e nem todos sabemos lidar com nossos infernos internos. Assim, aprendamos o amor não como o destino final, e sim como a jornada sem fim."

Para embalar esse post...Cranberries - Stars


28 de mai. de 2014

De que lado estar?

Assumir-se perante a sociedade - e ainda mais impactante, perante amigos e família - não é uma tarefa fácil, mesmo hoje em dia, quando a homofobia persiste, por motivos de puro preconceito, ou por viés religioso ou ainda por convenções sociais. Cada um tem seu tempo de se assumir...ou então vive-se no armário para sempre. Escolher o caminho a se seguir é o que bota na mesa o divertido filme "Do lado de fora".



A sinopse é simples: após uma confusão ao final da Parada Gay de São Paulo, quando dois amigos, Mauro e Rodrigo, e o tio do primeiro, também homossexual, presenciam um ato de homofobia, prometem que vão sair do armário até a próxima edição da Parada. Cada um dos envolvidos tem suas nuances, e seus conflitos dentro ou fora de casa.

Não me aterei aqui a julgar se o filme se aprofunda ou não no assunto, nem criticar pontos que muitos blogs e sites o fazem bem melhor, se ele se prestou a abordar o assunto de forma bem séria ou didática ou ainda mesmo se ele consegue explicar tudo que o tema pode render, pois nem toda obra o conseguiria fazer, ainda mais um filme que se preza em ser uma comédia, leve, reflexiva, mas não totalmente argumentativa.

O que me interessa falar é que ao longo da película podemos ver os diversos tipos de armários podemos encontrar por aí: o jovem que super se aceita, quer ser uma drag queen, é pintosa sem medo de ser feliz, mas em casa, onde os pais são evangélicos fervorosos, ele precisa se policiar um pouco, por medo de represálias e também por receio de ser engolido pela religião dos pais; seu amigo, que se aceita, mas não consegue se destravar para tentar algum envolvimento com um garoto do qual ele está a fim no colégio; o tio de Mauro, bem-resolvido, solteiro, mas que esconde sua homossexualidade na firma com medo de que o chefe não o aceite por isso; e o agredido na Parada, um rapaz que é casado, tem filho, mas que está infeliz nessa vida, porém não quer largar a esposa e o filho e deixar a vida deles devastada.

O filme consegue fazer rir, com todos os dilemas e aventuras desses quatro enquanto eles vão se redescobrindo e tentando sair do armário de acordo com o pacto que eles fizera, e de como suas vidas se redesenvolvem à medida que a autoconfiança melhora, mesmo com alguns reveses familiares ou no trabalho - os quais não vou dizer, pois entregam muito do filme.

Luiz Fernando Vaz, que faz Mauro, o jovem que sonha em se tornar uma drag fabulosa, consegue entregar uma atuação divertidíssima de um jovem pintoso, orgulhoso de sua personalidade, e não cai no lugar comum de ser uma pintosa apenas gritando, gesticulando ou brincando de ser mulher - seu personagem tem uma personalidade divertida, sincera, aventureira, e desafiadora, e muito amiga, ao estimular seu amigo Rodrigo a ir atrás do bofe do colégio. Com certeza o melhor personagem de todo o filme.

Marcelo Airoldi, que faz o tio de Mauro, tem cenas que mostram o dilema do personagem em lidar com o homem casado - pois eles acabam tendo um caso - com o sobrinho alegre que sofre em casa, e com o trabalho, pois com tantas mudanças lá dentro acha que precisa criar um casamento hetero de fachada com sua amiga lésbica.

No fim, o filme não traz um final surpreendente, exceto por um dos personagens, e também não entrega uma conclusão acerca do sair ou não sair do armário. Mas nos faz pensar que nem todos têm a chance imediata de se assumir para a sociedade, seja por qual for o motivo, e que ser gay na sociedade ainda pode parecer algo clandestino.