Deixe-se levar

Não medir o tempo...não prestar atenção no relógio...esquecer que dia era, que horas eram...esquecer que existe uma vida cotidiana a ser vivida lá em outra terra...

Ter tempo e vontade de poder sair do óbvio não é algo fácil para nós, urbanistas cheios dos afazeres e compromissos sociais ou trabalhistas nessa urbe que nos cerca. Quando se viaja, imagina-se que o objetivo é dar um tempo a esse mundo em que se vive, por um tempo, e viver de acordo com as regras momentâneas daquele espaço de tempo, sem medo de ser feliz. Tirar fotos sem se preocupar em postá-las no mesmo dia no FB, não ter de deixar o celular ligado esperando ligações ou mandando torpedos à vera, não ter de ficar a acessar a internet esperando aquele e-mail que nem é importante...

Depois de dois dias imerso em um lugar a que nunca fui, tirando o máximo dele sem me preocupar com dias e noites, reiterei que rotina e trabalho podem ser os males do novo século. E percebi que saudade pode ser matada sem medo, sem ter de pedir licença, sem ficar se martelando com os vai-e-vem da vida. 

Deixe-se levar, deixe-se levar, e sorria até chorar. Sempre que puder.

Com isso, deixo La Oreja de Van Gogh, banda espanhola, com "Déjate llevar"

"Outra vez essa voz

Do rádio relógio

Mais um dia a obrigação

Me faz ver o amanhecer

E eu só quero cantar

Jogar o relógio no fundo do mar

Perder o tempo, dedicar-me a sonhar

Eu não quero que hoje seja um dia normal

Pode ser que nada seja igual

Apenas deixe-se levar, deixe-se levar

Pode ser que nada seja igual

Apenas ria até chorar

O café das três

Vendo a chuva de um bar

Tudo calmo na cidade

Nada de novo a dizer

E eu só quero viajar

Dormir no fundo de uma cratera lunar

Perder o trem, dedicar-me a sonhar

Eu não quero que hoje seja um dia normal..."