Número de pessoas que se perderam por aqui:

18 de jan. de 2012

Poesia urbana



Lá estava ele de novo, buquê de flores em mãos, porém nenhum cartão preparado nem mesmo aqueles prontos que se compram a R$ 1,99 em alguma papelaria - e sobre os quais nunca se tem o retorno daquele mísero um centavo. Parado, imoto, tentando imaginar como iniciar uma conversa, por mais simples que fosse, somente para dar o tiro inicial - ainda bem que não baniram as armas no Brasil, senão essa expressão seria censurada agora mesmo!

Recomeçar não é uma tarefa simples. Recolher os pedaços daquela última sessão de duo-análise e convertê-los em algo produtivo, expectativas reais ou falsas, algo que pudesse ser...fisica ou mentalmente montada. As flores não eram as mais bonitas, nem mesmo as mais caras, afinal quanto poderia gastar um estagiário em plantas que poderiam nem durar alguns meses? No entanto, havia um valor sentimental dentro delas, mesmo tendo custado alguns trocados na Rua das Flores, perto de onde ele trabalha todos os dias. Aqueles trocados gastos poderiam siginficar, dentre várias coisas:

- Que romântico, ainda há cavalheiros nesse mundo;
- Ele esqueceu que sou alérgica a flores, que coisa!;
- Tá pobrezinho mesmo, só falta me levar para comer um burgão na esquina;
- O que vale é a intenção, e parece essa ser das melhores;
- N.R.A

Ou seja, seu destino estava novamente baseado no ENEM.

O metrô está cheio, como sempre nesse horário. Pessoas disputando lugares, outras apenas assistindo ao Coliseu metropolitano, aguardando o fim da guerra para entrarem...e ele nessa leva, sem querer sentar, sem querer se preocupar se seus pés ficarão doendo mais um tempo ao longo dessa noite. O que importava era...recomeçar.

50 minutos depois, estava ele lá, respirando a cidade sabendo que um aroma mais fresco e mais suave logo ali aportaria e o enlouqueceria internamente - nem sempre canalizar tudo que se passa na gente é bom. Imagine você relatar a alguém cada um de seus sonhos, alguns deles psicóticos, outros deles surreais...haja ouvido, e nem psicológo pode aguentar. Olhava para o relógio, sem notar que não havia atrasos por parte de ninguém - ele chegara adiantado demais, ansiedade pesa nessas horas. Mas tudo bem. Começou a cantarolar as músicas de que mais gosta, até o momento certo vir. E ainda pensando sobre o que conversar. Não poderia ser direto ao ponto, assustando-a, nem ser enrolão demais, deixando-a confusa. E as flores, o que fazer com elas? Flores são sinal de algum sentimento forte, dá-las de pronto já daria a deixa...e a conversa se iniciaria. Sobre o que mesmo? Onde rolaria? Comer algo? Enfim...mais dúvidas...

E ela chega de surpresa, sussurrando-lhe ao pé do ouvido, como uma pegadinha. Elogia-a, como manda o protocolo geral de reencontro - outros pontos são as perguntas da vida, novidades, casa, trabalho...você sabe o resto, só não deixe o silêncio imperar, silêncios implicam...constrangimentos...perguntas clichês novamente...e ninguém quer isso.

Ela se lembra de que precisa comprar algo para a mãe, que planeja fazer uma festa para a filha da vizinha, e pede que ele vá com ela a algum mercado. Andar para ele é o de menos, e se for mais melhor, assim tem chance de charlar mais e mais...sem ter a noção do tempo passando...e nem se importa. Item comprado, e as flores dentro da mochila - preferiu guardá-las pois pensou que ficar com o buquê esperando seria muita obviedade...quando fosse a hora abriria sua mochila e terminaria o serviço - quase um mafioso.

Comem em alguma lanchonete agradável, ela diz que tem de ir embora cedo, ele a acompanha até perto de sua casa...e o buquê ainda dentro da mochila. Ao chegar a casa, põe-no em um vaso e começa a cuidar dele...para que dure muito tempo...até recomeçar.

14 de jan. de 2012

Lavoisier



Ficou ali mais de duas horas esperando, sem nem saber se seria realidade ou não. Só pensava em fazer daquilo algo mais que momentâneo, embora nunca tenha tido a experiência de montar algo assim. E estava ali, aguardando, logo ele, que não tolera atrasos, mesmo se avisados. Algo em sua mente dizia que era melhor assim.
E foram semanas de puro conhecimento um do outro, apesar de ter ficado apenas sobre a primeira camada de um sentimento ainda indefinido, mesmo já tendo ganhado alguma forma. Já havia um nome para aquilo, mas ainda não sabiam. E transformavam-se em dois seres não catalogados pelos biólogos, e nem se importavam, pois nem tinham noção de falar latim. Era melhor que fossem indefinidos pelos outros, mas compreendidos entre si.
O tempo passou e eles ganharam novas formas, novos ares. E dispersaram-se. Perderam-se no mundo em que viviam e não mais se viam. Havia tudo morrido, se perdido?
E o tempo fez de novo com que eles tornassem a ver-se, a terem-se, como se nada tivesse ocorrido. Mas ocorreram várias coisas, e as mudanças nos estados de ânimo os transformaram. E as emoções, também. Não havia nada morrido naquele instante, nem mesmo quando uma reação em cadeia explodiu as almas e tornou lágrimas a matéria química mais volátil da face da Terra. Porém ainda havia a matéria, a substância unidora. Era algo diferente, mas estava lá. Transformada mais uma vez, igual a tudo na vida.

"Porque é amor. Bate diferente, mas é amor"

12 de jan. de 2012

Aprendendo a ensinar


Sempre quis ser professor. Tanto que aos seis anos de idade meu presente de aniversário foi um quadro negro e caixas de giz, para poder brincar de escolinha. A questão foi sempre o que eu lecionaria.

9 de jan. de 2012

Atos



"Que horas são? Nove e meia. Nove e meia! Sexta-feira! O que estou fazendo nesta cama fria, neste clima quente, neste quarto vazio, sem vida, eremita em meu próprio mundo? O que buscarei? Por que não posso namorar?"

As respostas vêm rapidamente, todas criadas em sua cabeça. Esconde-se no quarto, pois tem medo de aventurar-se e quebrar a cara; fica no clima quente, porque deseja suar e vitimar-se, autocomiseração em forma de imaturidade; quarto vazio e sem vida, já que não permite sua personalidade florescer neste espaço só seu, neste quadrado só seu, imprimir seu estilo, sua cor, seu detalhe pessoal, seu coração; eremita em todos os momentos de sua vida, bloqueando conversas, tapando as orelhas para novas pessoas, somente apoiando-se em livros de autoajuda e jornais políticos. E a educação da escola. Não namora, uma vez que o amor só virá uma vez. Amarga ilusão...não se deixa levar pela vida, acha que tudo está planejado e que quando for sua vez de amar, amará intensamente. Não precisa experimentar. Para que experimentar? E se eu não gostar? Perder meu tempo com algo de que posso não gostar? Não! Então segue os dias em uma bolha de aço.

5 de jan. de 2012

Quanto custam 100 mg de Eros?

Esse texto é de 2009; algumas partes foram retiradas a fim de dar ao texto um caráter atemporal e menos pessoal.

 

Por muito tempo carreguei pesos que não me pertenciam, como o peso do término de uma relação, quando eu achava que eu era o único culpado por tudo. Que ilusão! Eu sofria por coisas que me machucavam, que eu achava que era falso, pois tudo que eu fazia era julgado errado para aquele que eu pensava ser o tal. É o tal do ciúme ou da proteção. Ciúme o cacete! Tem gente que tem cara de pau de dizer que tem ciúme excessivo porque ama; faz escândalos porque ama; fecha a cara porque ama; quem ama conversa, fala, debate, solta todas as emoções para a outra pessoa, sejam elas boas ou más; quem ama quer estar ao lado em bons e maus tempos, em dias de alegria e tristeza, e não apenas beijos e sexos para compensar alguma frustração anterior; quem ama cuida, protege, é protegido, reclama direitos, e faz seus deveres; quem ama não fica todo o tempo dizendo "eu te amo" como se fosse uma obrigação diária ou algo a se fazer em alguma hora exata, como um remédio controlado anotado na agenda

OBRIGAÇÕES DO DIA:
9:30 - tomar o remédio para dor de cabeça;
12:00 - almoço;
13:20 - ligar para meu amor e dizer "eu te amo" diário

Cadê a espontaneidade, o sorriso no rosto, o sorriso no olhar? Cadê a cumplicidade que dispensa palavras; o sentimento mútuo óbvio; a sinceridade e a confiança; cadê o amor? 
Tem gente que acha que achou o amor da vida em uma balada ou em algum sítio da Internet e que agora pode fazer todas as juras de amor do mundo; tem gente que diz "eu te amo" como se fosse um "bom dia" e no dia seguinte solta um "eu te odeio" como se fosse um singelo "até logo". Sentimentos vêm e vão rapidamente, e logo temos mais um a "amar" - "amar", "amar", "amar" etc. Amamos amigos de colégio, namorados de um dia, bandas do momento...mas às vezes não sabemos amar aqueles que nos cercam desde que nascemos, ou amigos que nos protegem e nos querem bem; amamos muitas vezes aqueles que se escondem em máscaras atuais, em fantasias, em programas de fim-de-semana...Há aqueles que só nos são amigos para saideiras, para baladas, para coisas quando estamos bem. São os amores-sol: aqueles que só estão em tempo bom.

E você? Já amou alguém hoje?

3 de jan. de 2012

Blog de principiante


Era num espaço vazio em que ele se encontrava. Tinha ali um pedaço infinito onde despejar todas as emoções que não conseguia soltar ao vivo. E ali ele poderia fazê-lo sem que ninguém soubesse de sua identidade, sem medo dos julgamentos  físicos ou pessoais. Poderia simplesmente...ser ele mesmo.

Casa



Tem gente que tem pavor da expressão "quero ficar em casa". Ora, a casa é o melhor lugar do mundo: é onde nos sentimos mais seguros, mais confortáveis, e certas vezes mais nós mesmos. Em casa é bom ter no quarto aquele cobertor para se proteger do frio enquanto se degusta um chocolate quente e assiste a alguma filme na TV ou no DVD. Em outros momentos, quando é permitido, ficar namorando - uma cama de solteiro para um casal? Perfect! Têm de ficar juntinhos hehehehe.
Também há a cozinha, lugar que adoro por poder fazer um de meus hobbies: cozinhar. Cozinhar é um verbo que assusta muita gente. Afinal, como fazer arroz? Um feijão? Será que sei ferver um leite hehehe? Pior ainda é se tiver de fazer uma receita mais elaborada, aí deixa o fundo da panela queimar, ou o forno esquentar demais...porém é praticando que se aprende, e mesmo que não se goste, é bom saber o básico para não depender de comida de micro-ondas. Ademais, o prazer de fazer uma comida fresquinha e do seu jeito é algo inigualável.
E também é bom cozinhar para conquistar alguém - o ditado de que se conquista homem pelo estômago tem lá sua verdade. Adoro por exemplo fazer massas e mousses.
E a sala? A sala é o lugar para recepcionar o povo, relaxar, esquecer o mundo. A casa da gente é algo mágico, fantástico. Curto ficar em casa uns tempos, às vezes no computador, outras vendo TV, ou fazendo palavras cruzadas...there is no place like home.

E para ouvir, Casa - Natalia Lafourcade (fofa demais essa guria mexicana ^^)

1 de jan. de 2012

Perfil de domingo 4: Adeus, primeiro amor

O cinema francês me tem encantado esses últimos tempos. Devo ter visto literalmente uma dezena de filmes da França este ano, e dos mais variados gêneros, porém sempre no geral no panorama romance/comédia/drama. O último que vi em 2011, "Adeus, primeiro amor", é um daqueles que, se não agrada a muitos pela forma morosa que muitas vezes passa, pode render muitas reflexoes acerca do que é o amor.