Um espaço para despejar os sentimentos por que passo e coisas que vejo.
Número de pessoas que se perderam por aqui:
3 de jan. de 2012
Blog de principiante
Era num espaço vazio em que ele se encontrava. Tinha ali um pedaço infinito onde despejar todas as emoções que não conseguia soltar ao vivo. E ali ele poderia fazê-lo sem que ninguém soubesse de sua identidade, sem medo dos julgamentos físicos ou pessoais. Poderia simplesmente...ser ele mesmo.
Pensava em um nome artístico, criativo, que chamasse atenção do mundo, porém que não o denunciasse: seria um horror saber que estava sendo observado 24 horas por dia, ou apenas 2 minutos por semana, sem nem saber de quem se tratava, sendo que eles sabiam quem escrevia. Então parou e pensou em anagramas de palavras conhecidas, longas, ou então em junções lidas de trás para frente de cantores que ele admirava. Alguns notariam a lógica, outros achariam engraçado seu apelido na rede. O importante era chamar atenção.
E partiu dali, já com um nome feito, dilacerando-se a alma buscando as palavras para externalizar tudo aquilo que temia revelar perante amigos, familiares, amores. Queira aquele momento para focar-se em tudo que via e sentia. Respirava e absorvia. Não desejava sair dali tão cedo, pois sair dali implicava encarar de novo o mundo. E o mundo certas vezes nem tinha tanta graça assim. Será que agora conheceria novos amigos? Passaria a ter um novo status, o qual não encontra em sua vida meio sem sal?
E agora, o que falta? Falta-lhe um avatar! Uma figura que o representasse mas não de uma forma tão óbvia: melhor seria mostrar de pronto uma faceta totalmente desconhecida, que nem mesmo o mais profundo de seus amigos saberia que ele tinha. "O Google tem de tudo", pensou ele. E claro que tem. Em dois cliques você acha qualquer coisa de que precisa, e se não acha, é porque não existe, oras. "Algo que combine com o meu nick ou algo nada a ver?" Até nesse instante de puro despejo ele parava para refletir se suas escolhas faziam sentido. Sempre foi assim, desde os adesivos que colava na capa do fichário até a maneira de organizar seus livros a cada ano escolar. Nada de pedir ajuda a alguém, afinal de contas são suas coisas, então tudo de seu jeito.
Joga palavras em inglês, português, turco - Google Translator auxilia nessas horas - e enfim acha a imagem que lhe melhor define. Hora de ativar seu alter-ego internético e começar a falar aquilo que tanto prende por não saber dizer com a boca, somente com os dedos. E põe uma música para iniciar sua digitação.
Saem textos longos, curtos, resenhas de filmes, poemas...saem porcarias, maravilhas da literatura...e o que publicar? Publicar tudo de uma só vez ou ir aos poucos, para manter um suspense? Agora começava a se debater acerca de suas escolhas, do que os outros vão pensar dele, mesmo mantendo-se sob uma capa virtual. "Será que vão gostar do que digo? Será que vão me aceitar ou serei execrado tão fortemente quanto sou às vezes por onde passo?" Deletava alguns arquivos, depois se arrependia, e começava a digitar outros. Ou tentava recuperar aqueles apagados usando programas de recuperação de dados. Ou então gritava para soltar suas frustrações. Ninguém o ouviria, com o som alto da música ambiente.
Então cancelou sua conta de blog e foi ao Twitter , Facebook soltar frases e textos opinativos. Vários "curtir" depois e ele estava lá, aliviado por ver que, mesmo com tanta gente diferente, sua voz ainda é ouvida.
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